Pauê no Japão.

Triatleta é contratado para escrever artigos para a revista Vitrine/ARevista* no Japão.

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*Revista Vitrine – Revista quinzenal em português, com distribuição gratuita dirigida à comunidade brasileira residente no Japão.

O convite foi feito por Lyncoln Saito, coordenador editorial da publicação da revista Vitrine/ARevista.

Com a missão de escrever assuntos diversos sobre suas experiências e atividades que desenvolve, o intuito da coluna Superação é proporcionar aos leitores, uma reflexão sobre temas relacionados ao comportamento humano.

Assuntos que enfatizam desde a superação aos desafios do dia-a-dia.

O primeiro texto publicado segue abaixo na íntegra:

Olá meus amigos da revista Vitrine, é um grande prazer começar esse espaço com vocês. Estarei escrevendo sobre assuntos gerais, focando sobre comportamento humano, ideais, assuntos de superação e motivação. A pauta desse mês é sobre a influência do homem no meio, cito algumas atualidades de acontecimentos do Brasil e reflexões sobre a mudança.

O homem do século 21

A falta de informação é com toda certeza uma das maiores falhas senão a maior que a nossa sociedade vive. Basta ligarmos a Tv para vermos os acontecimentos políciais, fraudes políticas, calamidades públicas e até mesmo bizarrices. São assuntos que tomam conta de nós, muitos aparecem praticando certos atos sem importar-se com as consequências, enquanto outros não têm a capacidade do dicernimento entre certo e errado.Político embreagado que matou duas pessoas, jovem de onze anos que engravida do tio, tráfico de menores na vida sexual. Assuntos dos mais diversos que ilustram nossos telejornais, camuflando a nossa nação.
Pode-se pensar que essa situação ainda pode ser revertida se não pensarmos com um olhar egoísta já que os reflexos da influência da educação caso essa seja posta como solução desses problemas, pode dar uma oportunidade melhor para os nossos netos e bisnetos.O mundo capitalista, os conflitos, a busca incessante do desejo são alguns dos aspectos que fazem do homem um ser cada vez mais amargo e despreocupado com os seus. No passado, 30 ou 40 anos atrás, existiam problemas e grandes crises que tiravam o sono dos nossos homens, porém os mesmos reagiam mais humanamente. Talvez, pelo fato de nossa população ter triplicado nesse último século, as preocupações tenham acompanhado numa escala meteórica a vida das pessoas que vivem o século 21.
Para muitas pessoas, o dinheiro é a fonte de inspiração pra vida, o passaporte para a felicidade e até mesmo a única presença que os acompanha. O mundo capitalista trocou o amor pelo dinheiro e fez das oportunidades, uma questão de “ querer é poder”.
E o poder vem sendo consumido por muitas pessoas que ao invés de serem líderes do bem, esquecem da família, dos valores, da educação e se corrompem pela ganância prostituindo os seus próprios ideais verdadeiros. Num mundo canibal, ser o ecologicamente correto e o responsavelmente social é difícil mas não impossível. A ética e a moralidade são alguns dos quais a moeda não compra. A conquista é um dos grandes desejos do homem onde o sentimento de realização é muito maior. Uma reflexão do músico Bob Marley, me faz pensar sobre a importância das pessoas: “ Se Deus criou as pessoas para amarmos, porque usamos as pessoas e amamos as coisas?”
O homem capitalista vê os seus, esquece dos outros e para no tempo muitas vezes para se perguntar: – Será que vai dar tempo de eu chegar na luz do fim do túnel antes que o mundo acabe? E, muitas vezes sua resposta, está na ponta da língua, ops ,ou melhor, nas suas atitudes. Sua resposta é mais ou menos essa:- O que importa é que eu chegue lá, e o resto, ah, o resto que se vire! Com um olhar egoísta e uma visão simples, podemos dizer que caminhamos para um mundo de surpresas mas com um final certo.
Por outro lado, podemos ver algumas coisas boas que o homem promoveu em sua evolução da espécie. O mundo globalizado juntamente com a era da informatização deram um grande passo no avanço da tecnologia. As interações dinâmicas, rápidas com e mails, scraps, twitters e mensagens instantâneas.
As dificuldades do passado de trafegar grandes distâncias foram sanadas pelos diferentes meios de transposte existentes, seja pelo ar, pelo mar ou pela terra, chegar não é mais problema. Se pensarmos que todas contas e transações bancárias podem ser realizadas sem sair de casa, podemos compreender melhor um relacionamento virtual, pelo computador. Charadas que dez anos atrás eram tão estranhas de serem entendidas, evoluem numa velocidade macro fazendo com que, quem não participa está fora da moda. Ficou fácil saber daquele assunto tão complicado sem ter que pesquisar em enciclopédias ou até mesmo se automedicar, embora não ache certo, pesquisando nos sites de busca, a informação da doença e tratamento.O que para muitos se tornou comodidade, para outros teve um significado inverso. A informatização e os avanços tecnológicos imprimiram uma necessidade menor de utilidade da mão-de-obra humana com consequências reais, do desemprego.
O mundo dá voltas, o homem cria, mas também destrói, minha mensagem é que todos nós tenhamos um pouco mais de paciência diante da grande crise que estamos vivendo que no meu ponto de vista é muito parecida com uma profecia de efeito manada, que todo mundo acredita naquilo que todo mundo fala. A crise está presente na vida daqueles que vivenciam ela. Uma história muito legal e antiga conta que: “ Uma empresa que fabricava sapatos solicitou que um funcionário fosse a um país da África para fazer um estudo de viabilidade para abertura de uma nova filial. O gerente desembarcou no local e observou que todo mundo ali andava descalço. Ele, então, enviou a seguinte mensagem para a alta diretoria: – Não vai dar certo, aqui ninguém usa sapatos. Inconformada com a resposta, a diretoria mandou um outro funcionário para checar as informações ou, quem sabe, para encontrar nichos vazios em alguma demanda insatisfeita. O novo funcionário chegou à região e, cheio de entusiasmo contagiante, deu sua conclusão: – Vamos ficar ricos, é um mercado fantástico, aqui ninguém usa sapatos.”
Somos aquilo que acreditamos ser, devemos sim ter ética, sermos responsáveis pelos nossos atos, pensarmos no futuro do planeta e próxima geração, mas nunca podemos deixar a peteca cair. Diante da crise, seja um artista, tire o “s”, CRIE.

Paulo Eduardo Chieffi Aagaard – Pauê
www.paue.com.br

Pauê é um atleta biamputado brasileiro, sofreu um grave acidente em 2000, e superou inúmeros desafios tornando-se o primeiro triatleta brasileiro sem as 2 pernas no Brasil. Entre seus títulos de expressão, destacam-se: campeão mundial de triathlon, bronze no pan-americano e pentacampeão do Troféu Brasil de Triathlon. Bacharelado em Fisioterapia , seu envolvimento com as causas sociais o levou a comunidades, hospitais e centros de reabilitação. Atualmente é símbolo da campanha social do Estado de SP , Pedalando e Aprendendo. Realiza um trabalho com palestras motivacionais e de superação visando a mudança comportamental de atitudes através da reflexão e analogias de mundo. Esse trabalho foi reconhecido pelo prêmio de Educação das Organizações Globo no ano de 2006. Ao todo soma mais de 300 empresas atendidas. O público das palestras são executivos e trabalhadores de diversas áreas, correlacionando as grandes viradas que devemos fazer todos os dias em nossas vidas. Além das palestras desenvolve projetos esportivos, dá assessoria à projetos de inclusão econômica e de diversidade humana. Publicou no final de 2008, o livro “ Caminhando com as próprias pernas”.

Fonte : Revista Vitrine