A tradicional Corrida Internacional de São Silvestre terá este ano, em sua 80ª edição, um estreante que não pensa em resultados. A intenção do santista Paulo Eduardo Chiefi Aagaard, o Pauê, é bem diferente e diz respeito ao esporte adaptado. “Estarei lá representando a categoria”, afirma o atleta, que tem o triatlo como sua especialidade. O objetivo na prova do dia 31 é chamar a atenção em diversas frentes. “Quero estimular a prática de atividades físicas para deficientes, motivar o aparecimento de novos atletas, mostrar nossa realidade e despertar a atenção das autoridades”, enfatiza Pauê.
Pauê superou todas as adversidades decorrentes do acidente e, além de continuar a surfar (sua paixão desde a infância), transformou-se num triatleta. E vieram as conquistas, como o título mundial na categoria amputados bilateral, conquistado no México, e o 3º lugar no Pan-americano, no Rio de Janeiro. Paralelamente às competições, ele passou a desenvolver um trabalho social e empresarial com palestras e propostas relacionadas à inclusão do deficiente.
“Essa participação na São Silvestre, para mim, representará um marco para um ano que foi muito bom”, comenta o atleta, que será uma espécie de porta-voz de milhões de pessoas que enfrentam dificuldades no país em razão de algum problema físico.“Como eu disse, a intenção é chamar a atenção das autoridades, além de incentivar o trabalho de base e mostrar que existe um mercado possível e que dá retorno”.
Pauê cita números, destacando que 1/6 da população brasileira tem algum tipo de deficiência, sendo que 70% dessas pessoas vivem reclusas. Na São Silvestre, Pauê terá a companhia do triatleta e técnico José Renato Borges, o Mosquito. “Ele é uma pessoa que está ao meu lado desde o começo e não poderia ficar de fora desse momento. Estaremos correndo juntos, em mais uma mostra de igualdade, de que a inclusão social é perfeitamente possível”, explica. E a dupla terá mais uma companhia: uma equipe do programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, que seguirá os passos dos dois atletas.
Profissionalismo – Pauê já viu de perto as condições que são oferecidas aos deficientes físicos em nações de Primeiro Mundo. “Estive na Califórnia e lá existem atletas paraolímpicos amadores e profissionais. Há essa divisão, tamanho é o desenvolvimento do esporte”, conta ele, que batalha para que ocorra o mesmo no Brasil. “O esporte pode colocar o deficiente com uma imagem digna perante a sociedade”, completa.
Fonte: Site São Silvestre